quinta-feira, 1 de abril de 2010

Pessoa


Viver não é necessário. O que é necessário é criar.
Fernando Pessoa


Relatar. Lembrar de emoções vividas em um instante, registrá-las e talvez evoca-las novamente. Um difícil exercício, principalmente quando passamos, mesmo após um curto período de tempo por um turbilhão de outras sensações e emoções. Mas um exercício necessário, principalmente na prática, assim como propõe Stanislávski em sua Ação Física.

Fiquei consciente, extrapoladamente consciente, que não consegui enxergar um palmo a frente, ou além do próprio pensamento, do não pensamento. Pensei, e não cheguei a maiores conclusões.

O corpo quis ir, deixou-se levar, e o que apenas aconteceu foi uma miniatura de um extraterrestre, com um lado menor do que outro. Um “ET” assimétrico. Talvez é isto que eu sou: um alienígena, pelo menos não alienado.

Continuo em busca do que sou, e também do que não sou. Pessoa, impessoal, um sujeito sem jeito, talvez trejeitos. Eu não rejeito. Adoro o novo, com sua velha forma de nos entreter. Olhar para o nada e encontrar tudo.

Não sei se vou e se fico. Se a formiga me morder, talvez nem tudo seja tão óbvio. Por que no interior, bem lá dentro, não exista conceitos e muito menos preconceitos. Por dentro, não adianta fugir, ou desistir, por que sempre vou me encontrar.

Ser ou não ser, eis a questão. Shakespeare fez Hamlet se buscar. Existir ou inexistir. Resistir e insistir, sentir, e deixar-me ir. Que venha a morte, com sua catalepsia, os cemitérios, com suas idéias mortas. Eu quero o milagre de ser corpo, de ser todo, de ressuscitar os antigos pensamentos. De ser Pessoa. De ser Eu. A busca é o milagre de descobrir quem sou eu.

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