quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Arte: o Corpo Estranho

“Se a Arte não fosse importante não existiria desde os tempos das cavernas, resistindo a todas as tentativas de menosprezo.”

Ana Mae Barbosa

O que é Arte?

A palavra Arte deriva do latim (Ars) que significa Técnica ou Habilidade; Ofício. Obra bem acabada. Assim, temos por entender, que a Arte é o Ofício Técnico de realizar bem uma obra. Mas é este o real significado da Arte em nossos tempos. E se Arte fosse uma ilusão?

Em nossos tempos, quase todos os objetos que utilizamos passam por um processo artístico (móveis, vestuário, entre outros). A arte está presente em praticamente todos os momentos de nossas vidas. Daí entende que todo ser humano passam por, pelo menos, uma experiência estética ao longo de um dia (vendo um outdoor, ouvindo uma música, ou até mesmo nas peças de vestuários que vestimos). Assim a Arte na educação deixa de ser um simples exercício, e passa a ter um valor muito maior de integrar o cidadão à sociedade, fazendo com que o mesmo tenha uma compreensão muito maior de sua realidade, uma vez que através da Arte podemos entender os processos de construção da história da humanidade, descobrindo a sua identidade cultural.

A arte é uma criação humana de valores estéticos, que buscam exprimir sensações, emoções pensamentos angústias. Todo homem possui em si o potencial artístico, alguns de apreciadores e outros de fazedores de Arte. E todos os dois são necessários no efeito artístico.

Para Ana Mae Barbosa: “(...)Antes de ser Preparado para explicar a importância da Arte na educação, o professor deverá estar preparado para entender e explicar a função da Arte para o indivíduo e a sociedade.” (Barbosa, 1975, p 90).

É neste sentido que o professor de Arte na escola deve buscar sua inspiração, na formação de apreciadores artísticos, despertando o senso estético e a sensibilidade crítica. Pois o mais importante na educação, não é a formação técnica e sim a formação humana.

O Corpo Estranho

Os caminhos criativos são sempre tortuosos. Há sempre um quê de "não sei onde isto vai dar", mas é para lá que, fatalmente, nós artistas acabamos por ir: o desconhecido. Aliás, desconhecido também é o que nos motiva a criar. Esta mola propulsora que nos impele a buscar formas, formatos, tipos e até fórmulas, para exprimir algo que nos incomoda.

Sim, senhoras e senhores. A Arte é um escarro, um vômito, ou até mesmo uma pérola. Mas que corpo estranho é este que nos faz jogá-la para fora, e de repente, olharmos admirados, como se aquilo fosse "nosso filho". E como verdadeiros pais e mães, acabamos por achar que nossa criação é perfeita.

Não é! Os verdadeiros gênios, em sua maior parte não se concebiam a si mesmo desta maneira. Não são arrogantes os verdadeiros artistas. Arte é pública, e o artista deve estar aberto, pois o mesmo expõe o que faz, e quem o assiste tem todo o direito de emitir sua opinião. A Arte só existe, porque existe um destinatário, um receptor. Quem faz arte para si mesmo não é artista, é esquizofrênico. A Arte só tem seu fim na visão de quem a aprecia.

Os livros não tem função alguma nas estantes (a não ser decorativa claro, mas aí deixa de ser literatura e passa a ser um móvel de decoração. Existe Teatro só para quem o faz?

Artaud questiona na introdução de seu livro O Teatro e Seu Duplo os motivos de se fazer uma Arte que nunca salvou ninguém de ter fome. Assim, a Arte feita atualmente, ensinada nas escolas, está a serviço do quê?

Assim como a Arte nasce de um determinado incômodo na alma do artista, a Arte tem a função de incomodar, de enfrentar a realidade, de deformá-la, transmutá-la. Arte é a esperança, a possibilidade de escolha, de opinião. Morte a Platão e sua hipócrita sociedade ideal. Viva os poetas, mesmo os maus e os bons, mas principalmente viva a mediocridade artística!