Criar, recriar, desconstruir, destruir, copiar, colar, chorar, dormir! Dormir e quem sabe sonhar. No sonho etéreo encontrar a dúvidas para minhas respostas mal fadadas ao desespero agoniante de não ser o que sou. Ser ou que sou, só. Só! Só não ser o que só sou eu.
O processo criativo, artístico é a busca da poesia em tudo. O ator é o poeta da ação. Assim como o poeta das palavras, deve ele debruçar sobre tais palavras não apenas como um "domador", mas também como um passageiro do comboio de sua sonoridade, de seus sentidos. Deve ele repousar seus pensamentos, sem buscar ansiosamente e de maneira abrupta enfileirá-las nos tijolos da ação. A parede poética pode mofar...
As palavras são os símbolos, e escritas elas são latentes, apenas potenciais. Tornam-se vivas na fala. O ator precisa trazer esta chave que libertará a palavra em sua boca, no seu corpo, no seu gesto, na sua ação. Tal palavra agora é pertencente a mais de dois donos: o poeta da palavra passa para o poeta da ação que passa para o poeta do pensamento: o espectador/ouvinte. Cada qual com seus significados, suas consciências criam suas poesias, e ligam-se à rede poética que conecta o universo.
A poesia se faz necessária! O ator precisa compreender a poesia do universo, para transpô-la em cena e para a cena. O ator é o canal de potencialização e de emissão desta poesia, presente no gesto, na palavra, na luz, no figurino e no pensamento. O poeta da cena é a chave que conecta estas poesias. Os versos estão presentes em cada silêncio, respiração, ruídos e olhares, voa numa dança etérea e queima nas ações e nos gestos das palavras. Morre na esquina do pensamento esquecido, de um sorriso abandonado de um Teatro vazio!
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