"Para que tantas pernas meu Deus" - resmunga Carlos Drummond de Andrade.
Pernas, braços e rostos.
Anônimos na multidão de desconhecidos do nosso dia-dia.
E eles são muitos, de todos os tipos e jeitos, classes e etnias.
Felizes, apressados, gays, mulheres, gordos e magros.
Assim eles passeiam na minha mente.
Assim eu os transfiro para meu corpo.
Assim eu sou eles, e não sou ninguém.
Sou e não sou.
A cada passo um descompasso.
Um fremir delicado de pés, cabeça, tronco, cortado por um súbito não.
Este é o fim inevitável do artista. Ser muitos e esquecer de si mesmo.
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