segunda-feira, 21 de março de 2011

Entre ruas e calçadas

Andar, pensar, parar, observar.
"Para que tantas pernas meu Deus" - resmunga Carlos Drummond de Andrade. 
Pernas, braços e rostos. 
Anônimos na multidão de desconhecidos do nosso dia-dia. 
E eles são muitos, de todos os tipos e jeitos, classes e etnias. 
Felizes, apressados, gays, mulheres, gordos e magros. 
Assim eles passeiam na minha mente.

Assim eu os transfiro para meu corpo. 
Assim eu sou eles, e não sou ninguém. 
Sou e não sou. 
A cada passo um descompasso. 
Um fremir delicado de pés, cabeça, tronco, cortado por um súbito não. 
Este é o fim inevitável do artista. Ser muitos e esquecer de si mesmo.

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