segunda-feira, 5 de abril de 2010

Tempo Esgotado


Hoje eu morro!

Subo o morro.

Subo e morro,

ali.


Não chores.


Tudo passa.

As uvas passas.

O ônibus passa.

As ameixas passas.

Aqui dentro o tempo não passa.


O amanhã dói
Dói, dói, dói.

Ontem...

O calor das palavras na boca queima o futuro,

Tão incerto quanto o meu passado. Limpo.
Água.


Agora as horas já não contam.

Tempo mudo.

Muda todo o tempo.

Vida aleijada.

O mundo pára, quebra e volta.

Gira, roda e cambaleia infantilmente...
E corro louco fugindo do tempo.

Finjo minha existência.


Efêmero poeta irracional,

infinita poesia sem rumo.

Apenas o prefácio de uma estória que ninguém viu.

Desapego


A insônia, ansiosa e faminta

Come o sono dos sonhadores.

Depois , fatalmente vêm a desistência de tudo.

O Fim sempre será inevitável...


Não há como acordar bem

Quando não se dorme.

Não me sigam.

Não peço que me sigam.

Não sou o Messias dos novos tempos.


Invariavelmente o relógio continua

Sua órbita em torno de si mesmo.

O mundo se derrete na tela de Dalí.


Pelas janelas observo vago vazio

Vagões vazios,

Nos trilhos errados,

Errôneos...

Errante. Andante. Passos.


Marca-Passo.

O relógio da morte.

Agora tudo muda,

Por que a poesia acaba.

sábado, 3 de abril de 2010

Improviso #1


O vento veio

Chegou a noie,

A Lua cheia enche meu coração

Meu Sol arde na minha íris

O Sol e a Lua se encontram em nós.


Nosso amor é um ecipse total

Fecho meus olhos e só ouço tua voz

Vejo você

Você não sai de mim...


Seu cheiro sai no meu choro,

Nos meus poros, eu me perco

Nos seus beijos, nos teus seios

Eu descanso em meu leito.


Teu abraço, amor sem - fim!

Frio na barriga, suspiros apaixonados

Lua cheia, Sol quente

Seu amor em mim

(Sem - fim)


Nosso amor sob focos

Sobe os focos, ascende a paixão

Acende o fogo, apaga o mundo

Agora é só nós, dois corpos em um...

Sóis de mim


Me queima a íris
O fogo do teu olhar lateja meu peito
Sulfuroso de paixão...
Sedento de você.

Sois tão linda,
Meu Astro total,
Paixão animal, instintiva, compulsiva, obssesiva
Assim me corrompe...
Teu olhar me corrompe.

Minha alma, teu lar
Sou teu, giro ao teu redor
Fonte da minha vida,
Calor do meu peito!

Sois de mim?
Sóis de mim...
Sou teu, só teu
Sol meu.

Quero sentir a luz do Sol queimando meus olhos,
Lábios,
Todo meu corpo.
Quero me lambuzar do teu mel!!!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Pessoa


Viver não é necessário. O que é necessário é criar.
Fernando Pessoa


Relatar. Lembrar de emoções vividas em um instante, registrá-las e talvez evoca-las novamente. Um difícil exercício, principalmente quando passamos, mesmo após um curto período de tempo por um turbilhão de outras sensações e emoções. Mas um exercício necessário, principalmente na prática, assim como propõe Stanislávski em sua Ação Física.

Fiquei consciente, extrapoladamente consciente, que não consegui enxergar um palmo a frente, ou além do próprio pensamento, do não pensamento. Pensei, e não cheguei a maiores conclusões.

O corpo quis ir, deixou-se levar, e o que apenas aconteceu foi uma miniatura de um extraterrestre, com um lado menor do que outro. Um “ET” assimétrico. Talvez é isto que eu sou: um alienígena, pelo menos não alienado.

Continuo em busca do que sou, e também do que não sou. Pessoa, impessoal, um sujeito sem jeito, talvez trejeitos. Eu não rejeito. Adoro o novo, com sua velha forma de nos entreter. Olhar para o nada e encontrar tudo.

Não sei se vou e se fico. Se a formiga me morder, talvez nem tudo seja tão óbvio. Por que no interior, bem lá dentro, não exista conceitos e muito menos preconceitos. Por dentro, não adianta fugir, ou desistir, por que sempre vou me encontrar.

Ser ou não ser, eis a questão. Shakespeare fez Hamlet se buscar. Existir ou inexistir. Resistir e insistir, sentir, e deixar-me ir. Que venha a morte, com sua catalepsia, os cemitérios, com suas idéias mortas. Eu quero o milagre de ser corpo, de ser todo, de ressuscitar os antigos pensamentos. De ser Pessoa. De ser Eu. A busca é o milagre de descobrir quem sou eu.