segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Pessoas (Ode à Pessoa)

Não tem uma tabacaria de defronte
Nem Esteves aqui o vendedor.
Pesares, apesar de pesar por seus
Aqui vivo.

Paro. Olho.
Fico Olhando.
Tudo passa (as uvas passas)
E mesmo assim tudo fica
Morto, guardado esquecido
Antigo, Inútil.
Tudo em mim fica
eu fico.

Mas vão-se as tabacarias vãs
(E daí?? Eu nem fumo)
Vão se os poetas e seus versos
Os filósofos e as filosofias vãs.
E fica um vão.
Ninguém sorri ou só ri.

Reflexo

A janela da sala está embaçada.
É noite.
Lá fora faz frio.
Passos na escada.
Nem passo pela escada.

A cara do outro lado espelho parece com a minha
Mas não é ela
Ela demora.
Tarda.
E o dia já é noite.
Lá dentro o frio faz
Gelada solidão.

É agora?
A imagem é uma coisa
Independente eu não
A imagem é coisa, imagem de alguma
Coisa da qual nem imagino.
Espero.
Será que ela volta?

Sobre estrelas e peixes

Tudo é um vazio com muito nada dentro.
E o pior é que nem as estrelas vieram me visitar.
Os peixes nadam
num quadro na parede do
Meu quarto.

Estrelas no céu da minha boca
Dói.
Ai, como isso dói.
A dor de não possuir nem a dor.
Ardor de não ter amor,
De não ser o que sou
Ou apenas ser o que sou!

Sou o que não vou, o que não voa
Peixes não voam
Estrela nada
Nada Estrela
Nada de estrela.
O céu está nublado dentro do aquário.