quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O Silêncio Final das Coisas

Passos na escada da igreja.
O momento sentido de não sentir,
Angústia... Ao meio-dia
Ia, ia, ia...

Chove.
Enquanto lá fora Augusto fala com os Anjos,
Os sinos da matriz badalam em silêncio o passar das horas.
Nada muda. Cala a voz da natureza.

Não haverá fim menos trágico do que não acabar?
Acabamos esperando, eternamente pelo que há de vir
Pelo ar, nos poros, ou ouvidos,
Na alma pobre, absurdamente vazia.

Oco.
Sem que saibam, a saída está liberada,
E o momento é de partir,
Mas voltaremos a mesmo lugar,
Enquanto o estômago dói de fome,
Fome de pensar, fome de ouvir.

Grito.
Eco ecoa...
Ninguém responde.
O silêncio grita em resposta,
E então eu me calo, com a boca vazia.