segunda-feira, 3 de maio de 2010

Ligações


O Telefone Toca. Do outro lado da linha, perdendo o rumo, um homem sem razão. Atendo, mas fica mudo. Não o telefone, mas o homem que não tinha o que dizer. Quem será? Será decerto o fim inevitável de tudo? Não era...


Curioso, continuo a ouvir o silêncio estapafúrdio, respondendo também com meu silêncio. Depois de travar um longo diálogo silencioso, penso, ainda para dentro: o que estará pensando? Será que ele me espera? Pacientemente espero. E nada. No aquário em frente a minha escrivaninha o peixe solitário nada. Aparentemente nada anormal, com apenas uma de suas nadadeiras. No telefone, um nada normal.


Desligo. A televisão começa a atrapalhar o silêncio. Quero escutá-lo, quero tocá-lo. O silêncio sempre me intriga. Mas depois resolvo desligar o celular, e o telefone cai. Não tinha ssunto para comigo mesmo. Queria apenas me escutar, mas não tinha nada para falar.